quarta-feira, julho 27, 2005

e pra lisboa não vai nada nada nada???

TUDO! (desculpem o título foleiro arqui-académico, mas pois que foi o que se me saíu)

a propósito da discussão sobre os outdoors para as autárticas, aqui ficam os meus" wanasee"s, aquilo que de facto me informaria em relação aos objectivos dos candidatos:
  • têm previsto no vosso plano a intervenção da CML para, negociando com o Ministério do Ambiente e com os municípios a montante, termos acesso a um rio despoluído, com uma água com qualidade "blanear"? Como nos esquecemos de que antes o rio era mergulhável? parece que perdemos o directo de o pedir de volta! a qualidade de vida dos lisboetas aumentava IMENSO se o rio estivesse despoluido, ah, e os gastos em combustível diminuiam (com repercussão no médio oriente ;-) )
  • têm previsto uma regulação da construção de novos focos habitacionais? até tenho um lema: mais bairros não! reconstrução!
  • têm previsto o aumento da frequência dos transportes públicos (nem que seja com trambolhos comprados na alemanha) e do horário dos mesmos?

5 Comments:

Blogger ana vicente said...

De facto, a questão da reconstrução é das mais prementes na nossa urbe. E a da construção civil uma questão nacional, aparentemente irresolúvel.

Em relação à questão dos transportes públicos, o "nem que seja com trambolhos comprados na alemanha" não me parece uma boa política. Mais frequência sim, mas em transportes públicos de qualidade, com segurança e que estimulem de facto a sua utilização.

Nesse âmbito, tenho a lamentar a nível pessoal a minha pouca apetência em usar transportes públicos - coisa que antes fazia diariamente. Desde 2ªfeira que estou sem carro e, nos entretantos, só usei táxi. Devo fazer mea culpa, neste caso. Mas também perguntar-me por que é que não estou informada o suficiente sobre os transportes na minha zona. Não deveríamos nós receber, em casa e no local de trabalho, informação descritiva sobre todos os transportes disponíveis na zona? Bem sei que é uma atitude burguesa, mas não é assim que as empresas captam novos clientes? Depois disso, poderiam então legitimamente penalizar os utilizadores de transporte individual privado. Esta argumentação não invalida a minha preguiça, é claro, armada em directora em vez de mera assalariada.

julho 27, 2005  
Blogger ana said...

olá ana vicente!

acho que sim, as empresas de transportes públicos deviam fornecer informação...

eu cá só preciso de usar o metro, pelo que sei os percursos todos...
de qq forma fiz uma pesquisazita para ti (e para quem mais quiser):
a carris tem um site www.carris.pt que tem um link para o link:
http://www.transporlis.sapo.pt/calc_percursos.cfm

é um site onde pões de onde vens e para onde queres ir e PUF ele dá-te a sugestão de percursos em transportes públicos. BOA SORTE!

julho 27, 2005  
Blogger ana vicente said...

Obrigada, ana!

Antes de mais deixa-me dizer-te que intuía a existência deste tipo de serviço. Estava a falar de uma estratégia de marketing agressiva que nos fizesse levar com os transportes públicos até aos ouvidos, de tanto nos entrarem pelos olhos. Continuo a achar que eu é que sou preguiçosa, usando a desculpa que não tenho metro à porta.

Já me tinha informado mais ou menos quais seriam os melhores transportes a usar para me deslocar de casa ao trabalho e vice-versa. Mas fui ao tal site que indicaste e coloquei os dados. A opção que me deram (que escolhi à partida como a mais rápida) tem o tempo total estimado de 63 minutos, com um tempo de espera de 21 minutos. Eu moro na Graça e trabalho no Parque das Nações. De carro, demoro 10 minutos a chegar, mais uns dez a tentar estacionar. De táxi, não preciso estacionar. De transportes, segundo o site, pagaria 2,20€. De táxi, pago 5 euros aproximadamente (hoje paguei 4,75). A minha pergunta é, mesmo achando que eles não me deram o percurso ideal, como é possível haver uma tal discrepância?

Sei também que este tipo de discurso que estou a ter é um discurso que me irritaria se fosse qualquer outra pessoa a fazê-lo. Neste caso, faço o papel do diabo e peço desculpa por isso. Mas a questão aqui permanece a mesma: não há suficientes factores de atracção nos transportes públicos para quem tem carro deixar de usá-lo. No meu caso é a pouca conveniência, noutros casos é a perda de independência, noutros ainda é o conforto. A única coisa que pode fazer alguém deixar de usar o carro (sem ser por razões económicas) é o espírito cívico.

Não podemos esperar que ele chegue. É necessário criar a vontade nas pessoas, como qualquer outro produto tem de fazer. Ou obrigá-las a isso, através de penalizações. A opção do mercado vs. a opção do Estado. (LP, parece que é tempo de intervires)

julho 27, 2005  
Blogger ana said...

concordo contigo, a opção pelo transporte público hoje em dia só se deve a duas coisas: a ter necessidade de poupar, e a algumas pessoas com muito espírito de sacrifício.

eu cá acho que tem que ser o estado a intervir, porque a redução da poluição e de ruido nas cidades é um bem público (toda a gente beneficia com isso, e não apenas as pessoas que deixam o carro em casa).

mas o LP certamente que dirá que os mercados de trocas de emissões serão suficientes para tal. gostaria de acreditar mesmo nisso, mas...

julho 27, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Concordo com a Ana Vicente que os transportes têm de ser de qualidade. Em Portugal, continuamos com a mentalidade do passe social que, a bem da verdade já não se chama assim, mas os transportes públicos continuam a ser tratados como uma questão social, o que quer dizer para os pobrezinhos que não têm carro. Enquanto não passarmos disso, não vale a pena discutir.

Agora, o Metro de Lisboa é dos melhores que há (não tem a extensão de Londres ou Paris, mas nem o tem a cidade) e a Carris que costumava ser terceiro-mundista, tem feito um esforço enorme e tem uma frota muito boa e penso que eles estão a redesenhar a rede de raiz (a actual assume uma lisboa de há 70 anos em que não existia metro). Depois disso, uma campanha de marketing agressivo só lhe fazia bem.

63 minutos é ridículo. Tentei perceber que percurso é que o carris.pt te tinha dado, mas aquilo deve ter sido feito por Engenheiros Informáticos e não consegui. De qualquer modo, acho que meia-hora é suficiente para chegar até à Estação do Oriente (de Metro, apanhando um autocarro até lá: o 26 ou o 12 ou o 30). Além disso, um bilhete de uma hora custa um euro e dá para mudar entre metro e carris.

A opção estado vs. mercado não é tão simplista como dizes. O mercado (isto é, as pessoas a decidirem de forma o mais livremente possível) funciona como economizador dos recursos escassos, mas, no caso de recursos ambientais, o Estado é que decide quais os recursos que são sujeitos a propriedade. Por exemplo, neste momento, o ar não tem proprietário, mas se eu tivesse que pagar taxas para emitir poluentes, passava a ter.

Se quisermos limitar o uso do automóvel na cidade, então há que cobrar por ele. Londres teve uma boa experiência com isto (e o uso dos transportes públicos subiu muito). Eventualmente, seria bom que os preços variassem de modo a que fossem mais altos na hora de ponta e que fossem reajustados regularmente para equilibrar oferta e procura (honestamente, era muito díficil fazer passar isto em .pt por causa de preocupações sociais).

Isto parte também do princípio que na análise da Ana, não é o preço do transporte público que é elevado (até porque é só um euro e não 2,20), mas o do automóvel que é baixo demais. De facto, mesmo que a viagem de transportes não lhe custasse nada em termos monetários, acredito que ela continuaria a ir de taxi.

É preferível cobrar taxas explícitas pelo uso do automóvel na cidade ou até pela emissão de poluentes na mesma (em que diferentes automóveis pagariam taxas diferentes de acordo com os valores de emissão da inspecção ou já estou a ser anarco-ecolo-capitalista demais?) porque permite a cada pessoa distribuir os seus recursos como preferir. Certas pessoas continuarão a utilizar o carro porque para elas é muito importante aquele conforto, outras utilizá-lo-ão quando precisam mesmo e outras decidirão até vender o carro (sobretudo se tiverem outra pessoa [mulher, marido, pai...] em casa com carro para as emergências). Deixaria também de ser necessário investir tanto em noções de culpa social ou consciência cívica.

(O problema aqui nem é um de emissões totais de poluentes, mas do facto destas estarem concentradas em zonas pequenas que são, ainda por cima, aquelas onde habita mais gente. Portanto, a pura limitação de emissões totais não chega.)

(Nada dos transportes públicos está sob a tutela da Câmara, btw)

julho 27, 2005  

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