sexta-feira, agosto 12, 2005

aquém

este post não pretende ser um post deprimente, mas talvez o venha a ser

ontem estive a falar com uma colega minha de curso sobre o que as pessoas da nossa turma estavam a fazer em termos profissionais, e como se sentiam em relação a isso

a sensação com que ficámos foi que toda a gente estava a desempenhar tarefas curriqueiras tendo em conta a formação que tinhamos tido

tivemos 5 anos ou mais num curso universitário relativamente exigente, e agora sentimos que, venha de lá o cliché, poucas das coisas que aprendemos têm de facto lugar para ser aplicadas

o problema é, mais uma vez, falta de possibilidade de escolha.

há quem se queira chatear pouco com o trabalho, mas há também quem queira sentir o trabalho como uma fonte de realização - a tal realização profissional

tenho a sensação, e corrijam-me se estiver errada, que em Portugal há pouco mercado de trabalho para a criatividade, para a mais valia, seja em que área for.
muitos estagiários passam por aquilo que já passei: desejos de inovar resfriados por quem diz "não vale a pena".
passamos muito tempo a trabalhar, e o trabalho é rotineiro.

e é claro que uma vida assim não leva nenhum povo a caminhar feliz e contente nas ruas!

há muita muita coisa para fazer em Portugal, desde coisas relativamente simples, a coisas mais complexas e estimulantes.
muitas das pessoas têm vocação e desejo para fazerem mais mais do que mais do mesmo.

vou jogar hoje. e se ganhar invisto nuns quantos talentos grandes que por aí andam sub-aproveitados!

6 Comments:

Blogger ana vicente said...

Estou mesmo contente!
Hoje vais jogar! É melhor do que um post do LP com a frase "O Estado é a solução".

Os projectos que tenho para uma eventual vitória no "jogo" passam exactamente por isso: gerar riqueza, distribuir riqueza. Muito liberal. Vou chegar ao pé de alguns amigos e dizer: o que é que queres fazer? Ok, eu entro nisso e participo dos lucros. Pôr toda a gente (uma parte, pronto) a trabalhar em algo que realmente goste, sem problemas em fazer dinheiro, sem problemas em não o fazer.

Andamos todos fartos destes trabalhos de merda, essa é que é essa.

agosto 12, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Sim realmente as coisas são difíceis mas aqui entre nós que ninguém nos ouve acabamos por gastar muito do nosso tempo em queixumes... mudar que é bom dá muito trabalho. Tenho visto alguns amigos arriscarem em novos negócios, a pedirem apoios, empréstimos e deixarem o ordenadinho certo ao fim do mês. E não lhes saiu nem o euromilhões nem nada disso. Está é a sair-lhes do corpinho com muito trabalho e pouco conforto e descanso mas todos com vontade, ou seja, da mesma forma que compreendo a dificuldade inerente à mudança também vejo muita inércia e preguiça.

Eu própria já me queixei tantas vezes do que faço se bem que hoje acordei especialmente feliz por ser designer e trabalhar aqui, será porque vou de férias?...


Sandera

agosto 12, 2005  
Blogger ana said...

concordo convosco as duas. sim, sandera, às vezes temos que correr mais riscos, sim, ana vicente, também tenho imensa vontade de investir em amigos talentosos.

boa sorte para quem joga e pra quem ganhar.

sandera... boas férias! (ah, e não precisas de escrever como anónimo aqui neste blog, o teu colorido é bem vindo!)

agosto 12, 2005  
Blogger ana vicente said...

Eu concordo totalmente com a sandera. Aliás, há coisa de 3 semanas, decidi que se não ganhasse naquela semana tinha de mudar de vida sozinha. Ah pois! Pronto, agora continuo a jogar, mas não a depositar todas as possibilidades de mudança na vitória no Euromilhões.

Basicamente, desci à terra. Hello? Hello? Peooooople!

agosto 12, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Concordo com a Sandera. Muitas vezes culpa-se no "sistema" coisas que vêm da nossa preguiça/medo/vergonha.

É o Sindroma Dias da Cunha: a equipa não marca golos, a culpa é do sistema.

agosto 12, 2005  
Anonymous Anónimo said...

entre a insatisfação legítima e a inércia 'tchoninhas' há muitos tons de cinzento mais ou menos coloridos e lugar para perguntar muitas coisas, como p.ex:
1)Serei uma pessoa mimada e privilegiada com pouca resistência à rotina, que prefere olhar para o menos que para o mais?
2)Porque persigo e estou convencida que é possível trabalhar de uma maneira diferente, mais gratificante, se toda a gente se queixa do mesmo que eu?
3)Porque é necessário abdicar de uma vida pessoal e da independência em muitos aspectos práticos do quotidiano, para poder fazer aquilo de que se gosta?
4)Será que a única maneira de fazer o que quero é ter uma empresa minha? E se eu não tiver feitio nem para patrão, nem para lamber botas a clientes, que faço então?
5)Para ser profissionalmente realizada tenho de ser uma pessoa prepotente e/ou melíflua e/ou falida e trabalhólica?
6)Se todos formos profissionalmente realizados teremos quem nos pague a reforma e o sistema de saúde, ou é melhor desistir de vez das famílias funcionais? (Ainda existem as famílias funcionais?)
7)Porque são, p.ex., os nórdicos, mais felizes, realizados e ricos que nós? E como raio chegam sempre a horas e porque almoçam frios em meia-hora se podem demorar uma hora e comer quente?
8)Porque é que ninguém se compara com os chineses?
9)Porque existe a China, ou por outra, o desemprego em massa nos têxteis do SE asiático?(foi no VietNam k despediram montes de gente por causa do levantamento das restrições aos têxteis chineses,ou noutro sítio lá perto?)
10)Porque existe o Alberto João Jardim? Não podemos mandá-lo para uma fábrica de têxteis na China?

Em suma: porque raio só existem situações 'win-win' em teorias económicas feitas por gajos que estão sempre no lado 'win' mesmo quando existe um lado 'lose' e não é a vida uma simples teoria económica duma McKinsey ou duma Boston Consulting Group onde,com arte,do nada se faz uma belíssima apresentação em PowerPoint?...

agosto 17, 2005  

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