sexta-feira, novembro 18, 2005

Se deus existe porque não nos deu a certeza da sua existência?
Qual o objectivo que ele tem/teria por detrás deste "deixar espaço para a dúvida"?

18 Comments:

Blogger ana said...

ehehe
visto dessa forma, não dizia que era eu, dizia apenas que existia alguém, concreto... tipo "tenho uma amiga minha que é deus"

novembro 18, 2005  
Blogger ana said...

por outro lado, e como eu e um amigo meu diziamos o fim de semana passado, deve ser cool poder dizer: não sabias, não sabias? olha que eu existo e muito!

(existir e muito, um verbo novo!)

novembro 18, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Simplesmente porque posso! Além disso tenho as minhas razões!

Sou ou não sou omnipotente?

ah pois é!

novembro 18, 2005  
Blogger ana vicente said...

Bom, na Génese, Adão e Eva sabiam da existência de Deus. Depois veio o conhecimento e a capacidade de pensar e tal.

A partir desse momento da maçã (estou a fazer a versão resumida), que alguns associam ao sexo (tá mal feito, o sexo não tem nada a ver com o assunto, é óbvio que eles já pinavam há muito tempo), a partir desse momento, dizia eu, em que o homem quis saber mais, ficou entregue a si mesmo.

Por isso Deus revela-se em todas as coisas e, nesse sentido, o homem tem de utilizar aquilo que "roubou" para ver isso. Ou seja, para encontrares a alma, tens de te esforçar. Se não ainda estávamos todos no paraíso.

(Está a dizer-nos: se queres fácil, escolhe o diabo)

novembro 18, 2005  
Blogger ana said...

eh pá! deus curte blogs!

pinar é um grande verbo, nunca pensei que aparecesse neste contexto.
portanto a lógica é, quando queres saber mais eu deixo de te garantir que cá estou???
ou já que queres saber, há coisas que não podes saber, tens que acreditar?
deus faz isso para que nós usemos outra capacidade para além do raciocínio puro, a capacidade de acreditar sem provas?

(é mais fácil acreditar no diabo?)

novembro 18, 2005  
Blogger ana vicente said...

O caminho do diabo é mais fácil, exactamente porque não é preciso acreditar em nada... é o da satisfação imediata, o do neo-liberalismo.

O da salvação da alma é difícil. E é esse o preço que Deus quer que a malta pague, pine ou não.

Isto é tudo conceptual. Não estou a dizer, de facto, que existe o diabo. Mas, se existe, é tentador.

novembro 18, 2005  
Blogger Tiago said...

As cenas que o homem inventa! Um Deus estás uns milenios sem cá vir, e começam logo a fazer filmes. . .

novembro 18, 2005  
Blogger anarresti said...

Minha querida, eu vejo as coisas da seguinta forma: a dúvida da existência de Deus, o caminho pessoal que essa dúvida implica é uma enorme vantagem. A conversão verdadeira, a conversão que importa não é passar de ateu a crente ou de praticante de uma religião a praticante de outra religião. Nisso sei que concordas comigo. A verdadeira conversão é a conversão de um coração onde não é possível o amor num coração vivo, que ama verdadeiramente. E saber que existe Deus não é garantia de conversão. Ter a dúvida cosida à alma, que foi a maneira como nascemos, é uma vantagem. É garantido que passamos a vida a tentar arranjar-lhe um sentido. Isso não é uma vantagem? Só nos angustiamos se fizermos as perguntas erradas, de forma errada, ou se nunca encontrarmos respostas. Há um filme muito interessante sobre as questões da salvação, do inferno e do paraíso, que é até um filme de acção [adaptado a partir da BD: Constantin. O herói, com o mesmo nome, vive uma série de conflitos decorrentes de não concordar com a forma como o universo funciona. E ele funciona [supostamente] da forma como o mundo actual vê Deus. Não vou entrar por aí. Sobre Constantin, ele sabe que vai morrer de cancro e como já salvou tanta gente de demónios e outro inimigos do Bem, tenta mais uma vez negociar com o anjo Gabriel a sua entrada no Paraíso. A certa altura diz-lhe, "mas eu sei que Deus existe". E Gabriel responde-lhe, "Isso não é fé, tu não tens fé". No filme nós indentificamo-nos com Constantin. Mas aqui queria que te identificasses com o que diz o anjo. E quanto à minha noção de fé, não sei se já falei dela contigo. Ter fé não é acreditar. É algo mais. Constantin está desesperado. Ele quando diz "eu SEI" está a falar muito a sério. As coisas que ele viu e que o levaram a dizer essas palavras fazem-no ter uma certeza inabalável, segurissíma. Ele sabe. Tão certo como saber que ele próprio existe. Isso é mais que acreditar. Ter fé é outra coisa. [Sorry, tenho de ir, volto mais tarde]

novembro 18, 2005  
Blogger Viscondi said...

Sempre pensei isto. Assim cresci ateu.

novembro 18, 2005  
Blogger ana said...

bem vindo viscondi. como é ser ateu? sp me pareceu uma postura muito forte. "no máximo" "consigo" ser agnóstica.

ana vicente... salvação da alma??
salvação do quê? salvação para quê? salvação como?

deus! havias de ver alguns filmes que eu vi! do pior. pior que filmes só maus filmes, filmes bregas, maus actores, falta de glamour. um drama!
felizmente temos colaboradoras com estilo de divas (a ana vicente já tem um chapéu à greta e um casaco preto que não só não a compromete com, consta, ui ui!)

velutha: não percebi a frase "A verdadeira conversão é a conversão de um coração onde não é possível o amor num coração vivo, que ama verdadeiramente."

"É garantido que passamos a vida a tentar arranjar-lhe um sentido. Isso não é uma vantagem?"
bom, pelo menos entretém bastante ;-)

"Só nos angustiamos se fizermos as perguntas erradas, de forma errada, ou se nunca encontrarmos respostas."
só? eu não sei se ando a fazer as perguntas certas. e sei que me angustio de vez em quando. que ando ansiosa por vezes. até tenho colicas mentais por vezes.
espero que voltes e continues o teu raciocínio. não vi o filme, mas fiquei curiosa agora.

novembro 18, 2005  
Anonymous Anónimo said...

se a verdadeira fé não é acreditar, essencialemtne, então e´o kê?

novembro 18, 2005  
Blogger jmnk said...

O orgasmo é a prova da existência de Deus.

novembro 18, 2005  
Blogger ana vicente said...

salvação da alma é uma metáfora para a procura do caminho da verdade e da felicidade.
salvação, portanto, de nós, por nós, através de nós.

(eu disse que era conceptual a ideia, foram coisas que eu aprendi... só as intuo... estou longe de Deus... cedo a tentações e assim)

novembro 18, 2005  
Blogger anarresti said...

Quanto à frase acho que não preciso de explicá-la, é uma questão de não se perceber as pausas. Vou separar as orações. Lol. "A verdadeira conversão | é a conversão |de um coração onde não é possível o amor | num coração vivo|, que ama verdadeiramente.|" Agora percebe-se o que quero dizer, não? Quanto ao raciocínio vou procurar acabá-lo e com sentido. Claro que ajuda ter visto o filme. Mas talvez complique tudo. Eu gostei muito do filme mas os argumentistas são muito claramente (.....). Nunca me lembro do nome. Alguém sabe? Além dos teístas, dos agnósticos e dos ateístas há os que acreditam qe existe Deus mas é mau. E pelas opiniões que ouvimos diariamente e pelas que vamos tendo nós próprios ocasionalmente esta corrente não é sequer uma raridade. Estes (.....) acreditam que o estado do mundo, aliás toda a história da humanidade, mostra que Deus é perverso, mesquinho, que não ama a humanidade, que não tem nenhum interesse especial na salvação das nossas almas nem nenhum plano preparado nem sequer um carinho ou um cuidado pelo planeta ou pela raça que criou. Ora bem, ter fé nos dias de hoje, é antes de mais, achar esta posição um absurdo. Uma série de construções lógicas que partem exactamente daquilo que os ateus criticam com na razão na mitologia. O Deus criado à medida do homem. Este Deus incompetente, barrigudo, virado para o seu umbigo, cheio de spleen e tédio, sem paciência para as angûstias humanas, é a imagem perfeita do bicho urbano cheio de si mesmo, sem tempo nem paciência para ninguém. Este Deus em que se acredita sem fé é uma construção absurda feita à medida do home cinzento da actualidade. A fé é a coerência. É o contrário do "olha para o que eu digo não olhes para o que eu faço". Numa criança a fé no progenitor leva-a a dar o primeiro passo: basta um rápido olhar, um vislumbre dos braços abertos do pai e as pernas caminham pela primeira vez na direcção correcta. É isso a fé. Não a convicção racional: "eu acredito que sou capaz de caminhar". Não a convicção sincera de que se é capaz de o fazer. Não. É sim a basoluta coerência interior, emocional, íntima, espiritual, que nos leva a, quando na hora da verdade, agir em concordância com o que acreditamos, com o que é a nossa fé. Um abraço, nuno.

novembro 18, 2005  
Blogger anarresti said...

Correção da gralhazita:
basoluta= absoluta

novembro 18, 2005  
Blogger ana said...

uau Nuno! obrigada! percebi tudo agora, daquilo que disseste. a tua noção de fé fez-me lembrar o star wars, aquela diferença entre acreditar e saber, a ausência de pensamento quase.
bom, o meu amigo capitão iglo se me lê isto chama-me foleira, mas eu aguento. isto é kitsh chique, ouviste capitão?

sim, se deus exite não é urbano, é bem rosadinho e bem disposto. ultimamente imagino deus como o ricardo araujo pereira no sketche "não brinques com deus". se não viram... deus, estás aí? queres explicar como és?

e tu ana vicente, conta lá melhor, eu acho que deus se existe até curte que a malta tropece às vezes, já lhe chamaste filho da puta noutro comentário, eu acho que ele tem é sentido de humor. isso definitivamente. se não tiver não é deus, não existe, é um mal humorado qq.

jmnk... essa tua afirmação põe-me outra questão... vou mastigá-la e pô-la talvez noutro post...

novembro 18, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Deus não tem de provar nada... apesar das provas estarem todas à tua frente =D

Como disseram um dia "Deus está muito longe para ouvir e fazer, pede antes a quem esteja mais perto."

TIpo, não podias escolher uma coisa mais facil de responder? lol

novembro 18, 2005  
Blogger ana vicente said...

Claro que quer que nós tropecemos! Olha jesus... achas que não tropeçou! exactamente por isso é que não anda aqui a dizer "olhem todos, eu existo".

Aliás, quer tanto que tropecemos que até admite a existência da Igreja Católica que nos separa dele. Gosta de nos colocar obstáculos.

novembro 18, 2005  

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