Tirando o ennuy que é chique, charmoso, que dá um toque de classe às classes altas. ;-D. E o spleen que é trágico mas inspirador, que só sente se tiver sensibilidade de poeta, ou alma de artista e um dorido distanciamento existencialista em relação ao que nos rodeia. :-P [atenção: comentário altamente provocatório e que o seu autor não leva a sério]
Eu procurei a ironia para não entrar a matar. Porque não tenho paciência nenhuma para o discurso do tédio. Se há quem não tenha paciência para queixas sobre a depressão - o que compreendo em certa medida, eu não tenho lá muito paciência para o discurso do tédio. É que na depressão acontece que, independentemente dos esforços que a pessoa faça há simplesmente certos químicos que não são segregados da mesma forma. Eu, quando um amigo me vem com o discurso do tédio sou um bocado duro. Embora acolhedor, sou um bocado duro. Porque se não houver nada, como na depressão, que condicione a pessoa, então que se mude a atitude. E eu falei daqueles dois termos porque se trata de duas atitudes que abraçam o tédio. Como um privilégio. No primeiro caso é um privilégio dos ricos. Os pobres não se aborrecem de morte, por já terem experimentado de tudo e sentirem "que não há nada para fazer", que "não podem ser surpreendidos". Os probres, os miseráveis são surpreendidos todos os dias, vivem em sobressalto, porque cada dia é uma aventura: "como é que eu vou arranjar dinheiro para comer", "agora o meu filho adoeceu, como é que eu vou pagar?". Aqui não entra o tédio. Quanto ao spleen até é algo de amdirável. O artista que o sente sofre com a mediocridade que o rodeia, com o facto de "nada se passar à sua volta". Até eu já usei a palavra, confesso. O que me chateia terrivelmente no discurso do tédio é que, sendo ele uma estado de espírito, ou algo dentro dessa área, um atitude, um conjunto de emoções, não haver nada de tão terrível queimpeça a pessoa que o sente de lutar contra ele. De mudar. E eu já estive numa depressão da qual quase não saía. E depois disso tive muitas outras, menores. Por isso o tédio é um privilégio. Se for vivido dessa forma, pode ter piada, como uma coisa de classe. E é um fenómeno ridículo e pronto. Se se fizer dele algo de mastodôntico, um monstro terrível que suga a humanidade, a criatividade a essência, a alma humanas, aí eu fico mesmo incomodado, irrito-me. E numa discussão, acho normal cada um encarar as coisas de forma diferente. Até porque cada um sente as coisas com intensidade diferente. Mas, repito, quando é um amigo que me vem com essa conversa normalmente sou duro.
Eu não ía entrar nesta discussão do tédio pelas razões que o Nuno apontou e, por elas, ficar igualmente irritada. No entanto, depois da sua honestidade e coragem, não posso deixar de lhe dizer que ele revelou carácter e o cumprimentar, deixando-lhe estas palavras de apreço. Continua forte.
Todo o tédio me faz sentir inútil e, daí, com menos vida. E acho que por vezes não enfrentamos a nossa responsabilidade de lutar para eliminar o nosso próprio tédio: "se eu não eliminar o meu tédio, quem o eliminará?"
9 Comments:
Tirando o ennuy que é chique, charmoso, que dá um toque de classe às classes altas. ;-D. E o spleen que é trágico mas inspirador, que só sente se tiver sensibilidade de poeta, ou alma de artista e um dorido distanciamento existencialista em relação ao que nos rodeia. :-P [atenção: comentário altamente provocatório e que o seu autor não leva a sério]
"Ah, o teu tédio é uma estátua de uma mulher que há de vir,
O perfume que os crisântemos teriam, se o tivessem..."
F. Pessoa
oh meu deus! detesto a estética tédio, ou, como costumo chamar-lhe (adoro auto-citar-me) a "estétiquenjoo".
mas reconheço que há quem goste. e o pior é que há quem confunda ser cool com ser enjoado.
o meu pai disse-me que "o tédio é falta de criatividade" e a falta de criatividade é para mim um corta tesão.
Eu procurei a ironia para não entrar a matar. Porque não tenho paciência nenhuma para o discurso do tédio. Se há quem não tenha paciência para queixas sobre a depressão - o que compreendo em certa medida, eu não tenho lá muito paciência para o discurso do tédio. É que na depressão acontece que, independentemente dos esforços que a pessoa faça há simplesmente certos químicos que não são segregados da mesma forma. Eu, quando um amigo me vem com o discurso do tédio sou um bocado duro. Embora acolhedor, sou um bocado duro. Porque se não houver nada, como na depressão, que condicione a pessoa, então que se mude a atitude. E eu falei daqueles dois termos porque se trata de duas atitudes que abraçam o tédio. Como um privilégio. No primeiro caso é um privilégio dos ricos. Os pobres não se aborrecem de morte, por já terem experimentado de tudo e sentirem "que não há nada para fazer", que "não podem ser surpreendidos". Os probres, os miseráveis são surpreendidos todos os dias, vivem em sobressalto, porque cada dia é uma aventura: "como é que eu vou arranjar dinheiro para comer", "agora o meu filho adoeceu, como é que eu vou pagar?". Aqui não entra o tédio. Quanto ao spleen até é algo de amdirável. O artista que o sente sofre com a mediocridade que o rodeia, com o facto de "nada se passar à sua volta". Até eu já usei a palavra, confesso. O que me chateia terrivelmente no discurso do tédio é que, sendo ele uma estado de espírito, ou algo dentro dessa área, um atitude, um conjunto de emoções, não haver nada de tão terrível queimpeça a pessoa que o sente de lutar contra ele. De mudar. E eu já estive numa depressão da qual quase não saía. E depois disso tive muitas outras, menores. Por isso o tédio é um privilégio. Se for vivido dessa forma, pode ter piada, como uma coisa de classe. E é um fenómeno ridículo e pronto. Se se fizer dele algo de mastodôntico, um monstro terrível que suga a humanidade, a criatividade a essência, a alma humanas, aí eu fico mesmo incomodado, irrito-me. E numa discussão, acho normal cada um encarar as coisas de forma diferente. Até porque cada um sente as coisas com intensidade diferente. Mas, repito, quando é um amigo que me vem com essa conversa normalmente sou duro.
Eu não ía entrar nesta discussão do tédio pelas razões que o Nuno apontou e, por elas, ficar igualmente irritada. No entanto, depois da sua honestidade e coragem, não posso deixar de lhe dizer que ele revelou carácter e o cumprimentar, deixando-lhe estas palavras de apreço.
Continua forte.
Todo o tédio me faz sentir inútil e, daí, com menos vida. E acho que por vezes não enfrentamos a nossa responsabilidade de lutar para eliminar o nosso próprio tédio: "se eu não eliminar o meu tédio, quem o eliminará?"
o tédio não existe. o que existe é a ilusão
ilusão de quê kyler? pq não existe?
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