segunda-feira, novembro 21, 2005

"... and for those who give a dam" (dedicatória do filme)

já foi muito escrito sobre o fiel jardineiro, nomeadamente aqui.

perguntas que me ficaram a bailar na cabeça:

será que o meu banco investe o meu (pouquito) dinheiro em empresas que tem aquele género de desrespeito perante a vida humana? será que ando a ganhar com isso? será que se lhes perguntar onde é que eles andam a investir o meu dinheiro eles têm que me dizer?

será que se deve legislar de forma que nenhuma empresa possa ter tamanho/escala poder económico quando comparado com o poder político, de forma que não o possa corromper?

será que tem mesmo que haver um 3º mundo assim, em que cada vida vale muito pouco, para que possamos ter o nível de vida que temos?

10 Comments:

Blogger ana vicente said...

De certeza que andamos a "ganhar" com isso. O que torna as coisas mais assustadoras.
Eu acho que ninguém sabe realmente bem onde anda a investir, incluindo o teu banco.
Não sei se passa por legislar, mas bora lá!

Não tem mesmo de haver um 3ºmundo assim. Isso é a "lei natural" do liberalismo (querido a quem gostaria de ser como tu quando crescesse - lp sanguinário): a de que, para haver isto, tem de haver o outro. A questão é que isto que temos (este conforto ocidental) não é assim grande coisa. É mesmo, e cada vez mais parece-me, uma grande merda!

Nunca pode ser alguma coisa de jeito quando é feito à custa de todos nós. Porque aqueles africanos somos nós. Somos todos nós. Cúmplices e vítimas. Até deixarmos de acreditar que isto que temos é bom.

novembro 21, 2005  
Blogger ana said...

tadinho do lp sanguinário, eu até sei que ele é boa pessoa e tudo! :D

não sei se é consequência directa do liberalismo, sei que poderia haver mais regulamentação, e um estado mais forte e menos corrupto que a fizesse cumprir. principalmente, e como se fala no filme, devia haver um maior respeito por organizações que tentam levar avante (camarada avante) o cumprimento dos direitos humanos

sim, é assustador, não saber o que cada um de nós ganha com a pobreza alheia. claro que quando se trata de experiências de medicamentos, eu ganho indirectamente pelo nível de saúde que existe no local onde vivo.
é claro que quando compro produtos (roupa, etc) a um preço muito baixo tenho que ter noção que provavelmente alguém anda a ser pago muito abaixo do que o que merece.

por outro lado o comércio justo, de princípios "bonitos" não será uma solução para toda a gente: quantos se podem dar ao luxo de pagarem tanto por um pacote de arroz?

e sim, tb não acho que este conforto ocidental seja grande coisa, vejemos o nível de depressões que temos...

novembro 21, 2005  
Blogger jmnk said...

re-viajei no filme pois de viagem conheci aquele bairro de lata imenso (kibera), aquela cidade imensa (nairobi), aquele lago imenso (turkana). Naquele país, naquele continente, a morte é constante, não é coisa intermitente como do lado de cá. Mas ao mesmo tempo a felicidade paira no rosto das pessoas. É difícil explicar por nos parecer contraditório. Mas eu tento perceber... (é essa a pergunta que baila na minha cabeça)

novembro 21, 2005  
Blogger anarresti said...

Eu que não vi o filme e não quero desviar o tema quero só pegar nessa tua deixa, Ana, sobre o Comércio Justo. O exemplo do Comércio Justo é interessantíssimo. E os seus princípios são no fundo os direitos humanos. Tão simples quanto isso. O que temos de perceber é que todo o comércio tem de ser justo. Todo. O preço alto que se encontra nas lojas que referes acontece porque o "Comércio Justo" é algo de âmbito restrito. Mas pensa nas multinacionais. Elas podem perfeitamente dar-se ao luxo de pagar horas extraordinárias, de não empregar crianças, de pagar a homens e mulheres o mesmo, de pagar férias, subsídios de natal, de terem seguro. Todas essas condições são normalíssimas nos seus países de origem. Os governos dos países do Terceiro Mundo, por desespero ou corrupção aceitam condições desumana. E os do primeiro mundo sabem e enriquecem à custa deste estado de coisas. A deslocalização de empresas devia ser um escandâlo. Não pelas crises econômicas dos países de onde as empresas partem. Mas porque toda a gente sabe perfeitamente que nos países de destino essas empresas vão desrespeitar princípios básicos da lei internacional. É algo que é feito às claras. A ONU deveria, através do Banco Mundial, do FMI ou da P"%$ que o pariu aplicar sanções às multinacionais, já que as multinacionais são verdadeiros estados, supranacionais. Um abraço, nuno.

novembro 21, 2005  
Blogger Tiago Mendes said...

Tenho que deixar aqui esta leitura recomendada, perdoa-me a intromissão:

http://aforismos-e-afins.blogspot.com/2005/11/o-coming-out-um-conservador-liberal.html

novembro 22, 2005  
Blogger ana said...

muito bom TM, mas estava à espera que comentasses este. haja um economista na sala!

Nuno, a questão das supranacionais tb me incomoda: o facto de uma empresa ser "maior" em termos económicos que o estado onde está implantada faz-me recear que o seu poder económico se sobreponha ao poder político, e atente contra a democracia e as leis, etc etc.
mas pra já o comércio justo não é solução que se possa estender pra toda a gente, tendo em conta o nível salarial de muitos portugueses, só a classe média, média alta é que pode se dar ao luxo do comércio justo. mas sem dúvida que é um bom começo!

novembro 22, 2005  
Blogger anarresti said...

Volto a insistir, Ana. As empresas, nos seus países de origem, respeitam a lei internacional e não têm outra solução que não seja praticar preços competitivos. A questão dos produtos na loja do "Comércio Justo" é outra. Trata-se de uma de micro-empresas locais de empresas familiares. Mas nós que temos possibilidade de pagar [nem que seja ocasionalmente] e de escolher, podemos escolher esses produtos. Quanto às multinacionais temos que exigir que pratiquem comércio justo, que todo o comércio justo. E que quando se instalam no terceieo mundo não se esquecem da lei que cumprem nos seus próprios países. É uma outra forma de colonialismo. Mais brutal, porque feita de uma hipocrisia que aceitamos, que os próprios colonizados são obrigados a aceitar à falta de outras soluções. É uma injustiça brutal. Mas não sou assim tão pessimista. Têm surgido algumas ideias interessantes, além do "Comércio Justto". Como os micro-financiaments. Acho que é assim que se chamam. E que muito eloquentemente têm sido eficazes pricipalmente quando entregues nas mãos de mulheres. Um abraço, nuno.

novembro 22, 2005  
Blogger anarresti said...

Peço desculpa, o texto tem tantas gralhas, sílabas engolidas e afins que é quase ilegível. Mas estou atrasadíssimo para o empregoe escrevi a correr...

novembro 22, 2005  
Blogger ana said...

sim, concordo contigo velutha, em tudo o que disseste.

novembro 22, 2005  
Anonymous Anónimo said...

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agosto 08, 2006  

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