É uma educação para destruir. Quanto mais cedo melhor. O raio de educação que, caso tivéssemos um momento de amnésia, faríamos de imediato aquilo que agora nos deixa a sentirmo-nos culpados. Portanto, uma educação infrutífera.
E há algo mais interessante no teu post, que é a dupla culpa. Usas a palavra privilegiada, por isso é quase como se dissesses que não mereces esse privilégio. Por que não haverias de ter direito a ele?
quando se e' bolseiro - como eu - isso significa que "todos os outros" te estao a subsidiar determinada educacao. por pregorrativa liberal, acho natural perguntar "se o privilegio (ou subsidio) e' justo" ou nao. nao concordo com a especie de inversao de onus da prova da ana vicente. things shouldn't be taken for granted.
percebo perfeitamente o teu sentimento de mais ou menos "culpa". eu nao o sinto, confesso. mas nao quero entrar em questoes demasiado pessoais. de resto, o fenomeno que eu mais observo e' o oposto: da inveja transformada em piada mesquinha quanto aqueles, como nos, que "vivem 'a mama do Estado", etc.
eu sou, obviamente, o mais a favor que possa haver, de bolsas de "merito". quem e' bom deve ser subsidiado para ir mais alem, pq de outro modo em geral nao o faria. o argumento e' de eficiencia economia sobretudo: a sociedade deve subsidiar pq no "geral" ira augerir beneficios dessa maior formacao.
nao concordo e' com a postura do "se es bom mereces dinheiro", porque o dinheiro vem dos outros atraves dos impostos e estes sao "sagrados".
quando se pertence aos 20% da população mais privilegiada do mundo, e dentro desses ao 1/5 que teve acesso à educação académica (que eu considero um privilégio) e dentro desses ao 1/2 que tem a sorte de nascer mulher (ihiihihi), é natural que me pergunte, que fiz eu para merecer tanto privilégio...
(isto para não falar de muitas outras coisas muito mais pessoais, em que me sinto muito muito privilegiada)
a questão é: o que eu devia sentir era em vez de culpa responsabilidade, mas às vezes sinto vergonha de ter muito mais oportunidades na vida do que a grande grande maioria, e, sim tv possa ser uma espécie de medo da inveja alheia, mas a maior parte é apenas o "complexo" enraizado de estar do lado dos ricos num mundo desigual... ah, e claro, ficar aquém do que poderia andar a fazer. acho que isto é o que o luis pedro chama esquerda fofinha? blargh!
educação de esquerda pedro??? nada disso, pensava que sabias mais sobre a minha família!
Hipótese D: os católicos são de esquerda por uma questão de convicções, independentemente de quão fachos que possam ser em acções ou votos.
Se contam mais as acções ou as ideias... Bom, para mim as acções, mas vivo sempre na esperança de que boas ideias levem a melhores acções e, ker keira ker não, no medo de que más ideias levem a piores acções também.
A culpa é sempre, sempre, sempre algo a descartar. Não nos adianta de nada porque nos sentimos mal e ainda tenta transformar-nos em vítimas sofredoras às mãos da nossa própria consciência quando deveríamos dar às possíveis vítimas reais do pior de nós o espaço para nos detestarem e insultarem e tratarem um bocado mal, se isso as aliviar (e não for exagerado), assim passa melhor ao esquecimento.
Nisso dos privilégios então não me parece haver lugar para culpa precisamente pela parábola dos talentos: foi-te dado a ti, então usa em benefício de mais que tu e o equilíbrio restabelecer-se-à.
Sentido de responsabilidade sim, gosto. Porque como dizia o SG há muito tempo, quer se queira quer não, quer se pense nisso ou não, "o que é certo é que os que têm quase tudo, devem tudo aos que têm muito pouco". O conceito de pegada ecológica explica isso muito bem.
em suma: é pôr os talentos a render e não deixá-los a mofar à
6 Comments:
É uma educação para destruir. Quanto mais cedo melhor.
O raio de educação que, caso tivéssemos um momento de amnésia, faríamos de imediato aquilo que agora nos deixa a sentirmo-nos culpados. Portanto, uma educação infrutífera.
E há algo mais interessante no teu post, que é a dupla culpa. Usas a palavra privilegiada, por isso é quase como se dissesses que não mereces esse privilégio. Por que não haverias de ter direito a ele?
quando se e' bolseiro - como eu - isso significa que "todos os outros" te estao a subsidiar determinada educacao. por pregorrativa liberal, acho natural perguntar "se o privilegio (ou subsidio) e' justo" ou nao. nao concordo com a especie de inversao de onus da prova da ana vicente. things shouldn't be taken for granted.
percebo perfeitamente o teu sentimento de mais ou menos "culpa". eu nao o sinto, confesso. mas nao quero entrar em questoes demasiado pessoais. de resto, o fenomeno que eu mais observo e' o oposto: da inveja transformada em piada mesquinha quanto aqueles, como nos, que "vivem 'a mama do Estado", etc.
eu sou, obviamente, o mais a favor que possa haver, de bolsas de "merito". quem e' bom deve ser subsidiado para ir mais alem, pq de outro modo em geral nao o faria. o argumento e' de eficiencia economia sobretudo: a sociedade deve subsidiar pq no "geral" ira augerir beneficios dessa maior formacao.
nao concordo e' com a postura do "se es bom mereces dinheiro", porque o dinheiro vem dos outros atraves dos impostos e estes sao "sagrados".
quando se pertence aos 20% da população mais privilegiada do mundo, e dentro desses ao 1/5 que teve acesso à educação académica (que eu considero um privilégio) e dentro desses ao 1/2 que tem a sorte de nascer mulher (ihiihihi), é natural que me pergunte, que fiz eu para merecer tanto privilégio...
(isto para não falar de muitas outras coisas muito mais pessoais, em que me sinto muito muito privilegiada)
a questão é: o que eu devia sentir era em vez de culpa responsabilidade, mas às vezes sinto vergonha de ter muito mais oportunidades na vida do que a grande grande maioria, e, sim tv possa ser uma espécie de medo da inveja alheia, mas a maior parte é apenas o "complexo" enraizado de estar do lado dos ricos num mundo desigual... ah, e claro, ficar aquém do que poderia andar a fazer. acho que isto é o que o luis pedro chama esquerda fofinha? blargh!
educação de esquerda pedro??? nada disso, pensava que sabias mais sobre a minha família!
Hipótese A: educação de esquerda.
Hipótese B: educação católica.
Hipótese C: a esquerda é católica.
Hipótese D: os católicos são de esquerda por uma questão de convicções, independentemente de quão fachos que possam ser em acções ou votos.
Se contam mais as acções ou as ideias... Bom, para mim as acções, mas vivo sempre na esperança de que boas ideias levem a melhores acções e, ker keira ker não, no medo de que más ideias levem a piores acções também.
A culpa é sempre, sempre, sempre algo a descartar. Não nos adianta de nada porque nos sentimos mal e ainda tenta transformar-nos em vítimas sofredoras às mãos da nossa própria consciência quando deveríamos dar às possíveis vítimas reais do pior de nós o espaço para nos detestarem e insultarem e tratarem um bocado mal, se isso as aliviar (e não for exagerado), assim passa melhor ao esquecimento.
Nisso dos privilégios então não me parece haver lugar para culpa precisamente pela parábola dos talentos: foi-te dado a ti, então usa em benefício de mais que tu e o equilíbrio restabelecer-se-à.
Sentido de responsabilidade sim, gosto. Porque como dizia o SG há muito tempo, quer se queira quer não, quer se pense nisso ou não, "o que é certo é que os que têm quase tudo, devem tudo aos que têm muito pouco". O conceito de pegada ecológica explica isso muito bem.
em suma: é pôr os talentos a render e não deixá-los a mofar à
... espera que a culpa passe!
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