kofi annan meio cheio
tendo em conta que, para além dos riscos associados ao terrorismo, dinheiro para armamento é menos dinheiro para desenvolvimento, até quando isto?
"A lacuna mais grave é a ausência de uma decisão sobre a proliferação das armas nucleares, sem dúvida a ameaça mais alarmante que teremos de enfrentar num futuro imediato, dado o perigo de virem a cair nas mãos de terroristas. Certos Estados queriam dar prioridade absoluta à não proliferação, enquanto outros insistiam em que as acções destinadas a reforçar o Tratado de Não Proliferação das Armas Nucleares deviam incluir novas medidas de desarmamento. Assim, repetiu-se o fracasso da conferência realizada em Maio.
Trata-se, evidentemente, de um assunto demasiado importante para nos permitirmos falhar, devido à indecisão. Exorto todos os dirigentes, independentemente do campo a que pertencem, a darem provas de bom senso e a esforçarem-se por encontrar uma posição comum. Se isso não acontecer, esta cimeira pode vir a ser recordada apenas por não ter conseguido impedir o desmantelamento do regime de não proliferação e tudo o que agora se conseguiu de útil parecerá, então, efectivamente, muito pouco." Kofi Annan no publico de hoje
"A lacuna mais grave é a ausência de uma decisão sobre a proliferação das armas nucleares, sem dúvida a ameaça mais alarmante que teremos de enfrentar num futuro imediato, dado o perigo de virem a cair nas mãos de terroristas. Certos Estados queriam dar prioridade absoluta à não proliferação, enquanto outros insistiam em que as acções destinadas a reforçar o Tratado de Não Proliferação das Armas Nucleares deviam incluir novas medidas de desarmamento. Assim, repetiu-se o fracasso da conferência realizada em Maio.
Trata-se, evidentemente, de um assunto demasiado importante para nos permitirmos falhar, devido à indecisão. Exorto todos os dirigentes, independentemente do campo a que pertencem, a darem provas de bom senso e a esforçarem-se por encontrar uma posição comum. Se isso não acontecer, esta cimeira pode vir a ser recordada apenas por não ter conseguido impedir o desmantelamento do regime de não proliferação e tudo o que agora se conseguiu de útil parecerá, então, efectivamente, muito pouco." Kofi Annan no publico de hoje
6 Comments:
eu gosto muito do Kofi Anand e subscrevo uma politica "multi-lateral", grossly speaking, e discordo do posicionamento americano depois de Clinton.
no entanto, o teu comentario "tendo em conta que, para além dos riscos associados ao terrorismo, dinheiro para armamento é menos dinheiro para desenvolvimento, até quando isto?"
e' bastante naif, embora eu perceba a intencao.
por duas razoes:
1) o armamento tem um lado estrategico e que pode levar 'a disuassao de guerras (e terrorismo): o exemplo classico e' o da Guerra Fria, que nunca chegou a ficar "quente" exactamente porque a ameaca de "destruicao total" de parte a parte era credivel. Ou seja, o armamento - no "jogo" que se vivia na altura - era a estrategia necessaria para NUNCA vir a haver guerra. Never thought about that?
cLaro que ha' a questao importante do "jogo" que se est'a a jogar - e quanto a mim o EUA tem um posicionamento errado, porque eles tem muito poder para decidir que tipo de jogo se joga no panorama internacional.
2) O segundo ponto e' mais simples: temos que aceitar que nas "preferencias" do eleitorado, quer a "seguranca" quer o "desenvolvimento" - ambos em sentido lato, mas isso chega para o ponto - tem um "impacto positivo" no bem-estar individual e social.
Logo, a solucao optima e' "interior", com determinado montante investido em seguranca e outro em desenvolvimento. O "optimo social" acontece quando as "utilidades (chama-lhe "bem-estar", o que quiseres marginais" de ambas sao iguais, de tal forma que realocar 1 dolar de "seguranca" para "desenvolvimento" (ou vice-versa) prejudicaria o bem-estar geral.
CLaro que "prefernecias sociais" e' um assunto muito complicado, e isso nao cabe aqui - podes ver isto como appetizer:
http://www.maoinvisivel.com/blog/archives/2005/09/leitura_recomen.php
mas a questao fulcral e' apenas de entender que ha' trade-offs a fazer entre as duas coisas, e que o eleitorado e' soberano. Nao so' temos que "conceder" que os americanos tenham preferencias diferentes das nossas, como de resto, Bush foi eleito democraticamente.
Isto nao e' baixar os bracos - e' somente perceber que temos que respeitar as decisoes democraticas e nao ser paternalistas. Nao basta - como seria proprio do Bloco de Esquerda - falar opacamente de "desenvolvimento" e dizer mal da politica de Bush. e' preciso ter os pes na terra e perceber os argumentos em questao.
eu, do meu lado, e partilhando (julgo que em grande parte) a tua visao (embora nao a sua concretizacao na escrita) faco os possiveis para alterar essa politica, de forma democratica: escrevendo, lendo, comentando, aprendendo. mas nao bradando aos ceus slogans propagandisticos que considero profundamente desonestos intelectualmente, ou ignorantes, ou uma combinacao (convexa) das duas.
o post aqui:
http://www.maoinvisivel.com/blog/
archives/2005/09/
leitura_recomen.php
t.m. a guerra fria foi um exemplo de dilema do prisioneiro, não? ambas as partes investiram bem mais do que o que queriam, e apenas perderam com isso. e as coisas foram abaixo quando ambas conseguiram dizer "chega!" aquilo. claro que são acordos multilaterais, isso é que se pede!
sendo uma cena tipo "dilema do prisioneiro" não se torna uma espécie de falha do mercado, em que as pessoas não optimizam as suas escolhas de acordo com as suas preferências?
sou toda a favor da democracia, mas por ser o melhor dos maus sistemas, não por ser perfeita!
dado o clima da altura, yes, era um jogo do tipo dilema dos prioneiros, porque 1) a estrategia dominante era "mais armamento", e 2) o equilibrio era pior para ambas as partes, ja que estavam iguais mas com mais dinheiro enterrado em armas. o desarmamento foi de facto "eficiente".
mas repara que ambos optimizam individualmente. a questao esta que ambos poderiam ficar melhor se se conseguissem comprometer a nao comprar mais armas.
de qualquer forma, a questao do armamento hoje em dia e masi especificamente da luta anti-terrorista não é tao simples como na Guerra Fria, e por isso as conclusoes (por analogia) sao excessivas.
quanto à Suiça, é um exemplo interessante, mas muito sui generis (muito interessante pelo "sui generis") e tb nao pode ser usado como argumento. podemos explanar o caso da suiça se for necessario (é interessante) mas imagino que todos mais ou menos saibam como funciona.
all we're are saying is give peace a chance.
é pá, peço desculpa pelo último comment, pensei que estivesse a comentar o post kitsch...
ela há coisas n'ablogadela.
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