quinta-feira, janeiro 12, 2006

delicat'essen



"pour delicatesse j'ai perdu ma vie"

Rimbaud

foto: cindy sherman

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Parece que me lembro que o Rimbaud não era muito delicado - ou estarei a confundir com outro? (Era este quem traficava armas, certo?)

janeiro 12, 2006  
Blogger ana said...

seguindo o que a frase me inspira: oh doris, o que é que isso interessa? sei lá se ele era delicado ou não, se foi tenho pena, porque pelos vistos foi ao ponto de perder a vida por isso. se não foi tanto melhor. acho que o que eu quis dizer no post foi:

"pode-se perder a vida por delicadeza, e por isso, mais vale assumirmos, de quando em quando, a parte fdp, como na foto da sherman"

janeiro 12, 2006  
Blogger ana vicente said...

ah agora percebi!!!!!!!

delicadeza como uma espécie de boa educação ou paninhos quentes. amabilidade quase? ou mesmo cortesia.

(sim, estou com o dicionário de sinónimos à frente ;-), posso continuar)

janeiro 12, 2006  
Blogger ana said...

sim, isso. boa educação, paninhos quentes, "desculpe lá", "espero não incomodar", "se não for muito incómodo", "obrigadinha", "oh, se não se importa", etc

janeiro 12, 2006  
Anonymous Anónimo said...

opá, Anas: desculpem lá, mas isso não é delicadeza, é 'conices', é diferente...

Delicadeza é uma bailarina saltar como um veado e aterrar no palco como uma borboleta, isso é que é delicadeza.

E boa educação também não é delicadeza, é inteligência!

Acho perigosas essas coisas de assumir o fdp... cheira a desculpa auto-indulgente para ter prazer nisso. O fdp existe, há que aceitá-lo, um bocado como quem aceita o aumento anual dos preços: não é bom, mas tb ninguém chora p causa disso. Mais que isso parece-me o início de um longo e desviante caminho...

janeiro 12, 2006  
Blogger ana said...

desviante... tu usaste mesmo a palavra desviante... oh deus, vou ter que me ir ali chicotear!

;-b

fdp não é bem fdp, é mais a parte que não é delicada, a parte em que de facto temos que incomodar, em que de facto devemos ser indelicados, brutos se tal for preciso.

janeiro 12, 2006  
Anonymous Anónimo said...

ah! então assim estou todinha de acordo contigo!:o)

janeiro 13, 2006  
Anonymous Anónimo said...

epá, não consegui resistir, tenho que fazer a p--- da ressalva: esses momentos em que há que impôr um limite e manifestar kkr coisa não consensual não têm que ser indelicados nem feitos de maneira indelicada.

Comigo até funcionam melhor se forem feitos com delicadeza, desde que eu perceba bem a determinação do outro e que não é nada que o outro faça contra mim, mas a favor de si próprio.

Às vezes a indelicadeza perturba essa comunicação e esse fazer positivo a favor de alguém acaba por aparecer como um estímulo negativo contra alguém, quando não há necessidade nenhuma. Afinal, mais, muito mais do que chatear os outros, abrir-lhes os olhos, dar-lhes lições ou mudá-los eu quero é que não me chateiem a mim. Percebes?...

Mas também acho que em certos momentos ou com certas pessoas não vale a pena gastar energias a ser delicado se o que apetece mesmo é 'abrir a válvula'; como alguém dizia: "azaar!" Também apanhamos com esses danos colaterais dos outros às vezes e então? Não vamos pró paraíso, tá bom de ver, olha, paciência...

janeiro 13, 2006  
Blogger ana said...

doris,
entendo perfeitamente o que queres dizer. há várias formas de cozer um sapo, e todo o burro come palha é preciso saber dá-la.

a questão é quando não precisamos de ensinar nada, mas apenas darmo-nos o direito de incomodar, de nos pormos à frente dos outros, de termos uma atitude que nos apetece muito.

um exemplo tolo: há quem se dê ao direito de espreguiçar violentamente quando precisa disso, há quem não dê.

há imensas coisas que deixamos que nos castrem. que não fazemos por delicadeza, para não chocar, quando por vezes quem se choca é que está a ser profundamente abusivo sobre os seus direitos sobre a minha forma de estar.

é claro que isto são tudo coisas que sabemos intuitivamente que temos que fazer para estarmos bem em sociedade, mas acho que alguns requisitos são tão fúteis que obedecer-lhes é quase humilhante.

janeiro 13, 2006  

Enviar um comentário

<< Home