sexta-feira, janeiro 13, 2006

às vezes sinto-me punk ... e rezo assim

tiraram-nos o direito à conquista, o direito à luta, o direito à dificuldade, o direito à fome, o direito à violência justificada, o direito à agressividade, o direito ao frio, o direito à luta corpo-a-corpo, o direito ao assassínio, o direito à escarra na cara alheia, o direito ao mau hálito, o direito ao ridículo, o direito ao feio, o direito ao indelicado, o direito à arrogância,

mas deixaram-nos com o direito à cobardia

felizmente que existe o rock, para mimetizarmos qualquer coisa que não sabemos de onde vem mas que não tem para onde ir.

8 Comments:

Blogger ana vicente said...

Nao nos tiraram nada que não tivéssemos deixado.
Ou melhor ainda: não nos tiram nada que não deixemos.

A cobardia passa pelo não assumir desses direitos - excepto a meu ver, dos que citas, o direito ao assassínio e à agressividade, que não considero direitos, antes pulsões a reprimir.

Todos esses direitos existem (excepto os já citados), é só tomá-los. Duvido que quem tenha mau hálito, se sinta pleno de direitos.

No entanto, faz todo o sentido o que escreves: o rock como sublimação!

janeiro 13, 2006  
Blogger ana said...

claro que não nos tiraram nada que não deixemos, por isso o direito à cobardia permanece bem vivido enquanto que os outros...

o punk é a vítima da sociedade, por isso se lamuria e reza, como moi, em certos momentos.

'xa-me ser lumpen de quando em quando, caraitas!

janeiro 13, 2006  
Anonymous Anónimo said...

honestamente, de punk espero k aproveites o penteado, adorava ver-te com uma crista multicolorida no sábado!:D

a raiva, a frustração, a tensão e a energia não-direccionada podem ser postas a bom uso - por bom leia-se construtivo - ainda que´não pareça à primeira, eu pelo menos acredito nisso.

E passe o lugar comum, mas o mais importante nos direitos que temos, que nos dão, que tomamos etc, etc, etc, é que em suma os meus acabam onde os dos outros começam, que é exactamente o mesmo ponto onde acabam os dos outros e começam os meus!

janeiro 13, 2006  
Blogger jctp said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

janeiro 13, 2006  
Blogger jctp said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

janeiro 13, 2006  
Blogger jctp said...

E se isso, que dizes que nos tiraram, e que, ao que parece era nosso, nos tivesse sido dado e antes de nos ter sido dado ainda não fosse nosso? Afinal, o que é que é nosso? E será que o que nos tiram é mais perigoso do que o que nos dão? E onde fica a cobardia, no meio de tudo isto? E a delicadeza? E a ternura? E tudo isso que parecendo nosso talvez nosso não seja, nós é que somos dessas coisas, nós é que nos damos. E esse é que é o perigo. Mas como dizia o poeta, lá onde cresce o perigo, cresce também o que salva. Talvez nem isto, no fim de contas, seja verdade. Mas que importa, se só nos resta continuar...

janeiro 13, 2006  
Blogger ana said...

jctp, eu acho que quase todos os direitos de que falam eram nossos há séculos atrás. o direito à animalidade, à rebeldia, à insociabilidade. ainda são nossos, como diz a ana vicente, podemos tê-los, a um custo que talvez nos fuja ao controle.

por vezes penso que esses "direitos" à animalidade são as nossas pulsões, como disse a ana vicente, umas mais destrutivas que outras, mas que fazem parte que nós, e sim, podemos controlar e até devemos, mas talvez não tanto.

eu pessoalmente sinto-me muito afastada da minha fisicalidade neste dia a dia motorizado num carro e passado em frente a um computador. e tudo me é muito mais fácil do que aquilo que eu sinto que tinha arcaboiço para suportar. e eu acho que isto cria tensões que ficam por libertar. felizmente existe a dança, ou outras coisas.

onde fica a cobardia? no não assumir a necessidade de uma vida talvez menos conforme, pacifica, protegida.
onde fica a ternura? a ternura tem a ver com o nível de disponibilidade que temos para olharmos o outro e talvez uma vida menos protegida e asseptica nos tornasse mais disponíveis e corajosos.

"nós é que somos dessas coisas, nós é que nos damos"

sim.

janeiro 13, 2006  
Blogger Zé Gato said...

Quando não há direitos,
o ser humano sempre é tendência, desejo, propósito, decisão e acto.

O punk é, também, isso.

Se amanhã fazes 28 anos, deves ter nascido em 1977 ou 1978 (sou péssimo em matemáticas).

Tinha acabado de ser editado o "NEver Mind the bollocks, here´s the sex pistols".

E londres ardia com o combat rock dos Clash.

Era o Punk.

janeiro 13, 2006  

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