terça-feira, agosto 02, 2005

ternura

não há nada que me comova mais que a ternura
para mim é quase o sentimento supremo, mais que o amor, mais que a paixão
a ternura é algo quase imediato, impossível de controlar, algo que é a expressão de algo que está muito enraizado há muito tempo

a ternura é subtil, quase não se vê, mas sente-se como um perfume muito suave
a ternura abraça ambos: o emissor e o receptor

talvez a ternura seja uma coisa terrívelmente narcisica: temos ternura por algo que nos faz lembrar algo que tem a ver connosco, mas sinceramente, tou tão convencida de toda a base egoísta por detrás de todos os sentimenos, que acho que é irrelevante, como seria irrelevante começar o boletim meteorológico a dizer: ceu-base por detrás de qualquer expressão meteorológica é azul

ontem vi, meu deus, como só ontem?, o filme "à procura da terra do nunca". nunca liguei muito ao peter pan, nunca me comoveu a história do homem que não quer crescer.
mas também nunca me tinham contado a história por detrás da história (se bem que não sei se é aquela é a história verdadeira)

chorei que nem uma perdida. para quem me conhece isto não é surpresa. não só porque tenho uma apetência natural para me comover com as coisas mais tolas e nos momentos menos apropriados (dando origem ao meu modo favorito: gargalhadas lacrimejadas ou lagrimas embebidas em gargalhadas), mas também porque lida com alguns temas que me são muito próximos: a infância (tenho 8 sobrinhos) e a orfandade (não directamente, felizmente).

e acabo o post como comecei... a ternura. o valor de um abraço protector e desinteressado. desejo-vos a todos muitos muitos momentos de ternura por aí por onde quer que andem.

3 Comments:

Blogger ana vicente said...

Esse filme é de facto extraordinário.
Compreendo o que queres dizer: quando um filme mete mães e criancinhas eu também fico possuída por uma onda de "pieguice". E eu não sou nada dada a choros...
obrigada pelo desejo.

agosto 02, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Não sei se isto é ternura, mas:

"
Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro a olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.
"
(Camilo Pessanha)

agosto 02, 2005  
Blogger ana said...

que lindo j.c.t.p.!!!
acho que sim, que é ternura! um bem querer inocente. gostei especialmente do verso "Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso"

agosto 03, 2005  

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