segunda-feira, setembro 12, 2005

metafísica infantil - 1

e se um dia um dos meus sobrinhos me perguntasse... porque existimos?

Existimos pq Deus quis. Deus é como um menino a fazer bolas de sabão e a ver o que acontece a cada uma delas. Deus criou o livre arbítrio (isto é, tu poderes fazer aquilo que queres), e por isso tem curiosidade em saber o que vai acontecer com cada nova pessoa, cada um de nós, cada bola de sabão.

seria possível responder sem a metáfora do criador? como?

6 Comments:

Blogger ana vicente said...

A tua resposta é boa, é muito boa.

Para fugir ao criador, a minha proposta, pensada assim de rompante e correndo o risco de tornar o ego da criança um gigante (não sei se é um risco muito grave, mas pronto), é:
"porque se não existisses, não existiria ninguém como tu. E isso seria uma enorme pobreza, seria muito triste para mim e para todos os que te amam. Tens de existir para poderes ser tu. É por isso que é uma enorme responsabilidade, existir. No fundo existes, para poderes saber porque é que existes. E encontrares essa verdade é o mais importante de tudo.
Existes também porque és fruto de amor. E para o amor não há limites. Só o amor poderia criar algo tão belo e maravilhoso como tu (e como as pessoas que procuram a verdade).
"

grande esticanço, hã? e alguma piroseira à mistura...
acho que aquela do "vai chatear a tua mãe" não seria mal pensada...

setembro 12, 2005  
Blogger ana said...

A TUA RESPOSTA É LINDA!
adoro piroseiras!
sim, o mundo seria mais pobre se cada um de nós não existisse. das duas uma: ou anda para aí um economista a pensar nisto, ou ha coisas que funcionam bem, apesar de tudo.

enriqueces este blog com a tua existência. bem hajas!

setembro 12, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Correndo o risco de ser simplista e recursiva e não ser nada poética, talvez a resposta mais curta seja esta:
existimos para andarmos a descobrir porque é que existimos!

Assim, poderias voltar a isso tu própria, deixar o puto voltar a essa árdua tarefa por si mesmo e descobrir o que quer k seja k se dê de achamento na vidinha dele, ao melhor estilo "ainda bem k encontrei aquilo de que não andava à procura!" e que tantas vezes é tão mais útil...

E se o puto te mandar à fava porque tu não sabes nada ou ele não percebeu nada, então é boa altura de o mandares ir lixar a cabeça à mãe. E qdo forem teus manda-os prá tua mãe, k ela já deve saber responder a isso!

Mais difícil será responder qdo o puto perguntar porque é que as pessoas têm blogs em vez de sites, porque os usam para estar em público com os íntimos e qual é a verdadeira função pessoal e social disto...
(Novo mundo k é pra mim, ainda penso nisto, mas imagino k p ti e os outros deste blog isto sejam considerações ultrapassadas)
Enfim, café aqui amanhã à mesma hora, povo?

setembro 12, 2005  
Blogger ana vicente said...

No que a mim diz respeito, essas considerações não estão de todo ultrapassadas.
Mas é como tu dizes, Doris, continuamos a blogar para perceber qual é o sentido disto.

E, quanto a ti, dona ana, se me voltas a fazer corar assim, nem sei o que te faço. Arranjo-te um elogio melhor, queres ver? Entretanto, o bem haja segue directamente de volta a ti.

setembro 12, 2005  
Blogger T. M. said...

Ana Vicente: a tua resposta é qualquer coisa de admirável. Não tem quase nada de pirosa, e acho que dificilmete seria aperfeiçoável (1 frase ou 2 retocadas no máximo). Quanto à menina Ana que tocou no teu "piroseiras" para se por a dizer que era piroso achei uma leviandade monstruosa, mas compreensível.

No My Drishti, publiquei estes excertos do «Escrever» do Vergílio Ferreira:

"As coisas são o que está aí sem mais significação. Mas o aparecimento do homem trouxe com ele a fatalidade do como e porquê. Assim ele inventou o mistério e levou o resto da vida a tentar explicá-lo. E é essa obsessão de explicar que transmite aos que vierem depois dele. É uma obsessão absurda. Mas sem ela, em que é que se distinguiria do boi ou da minhoca?"

COmo enfrentar esta obsessão, that is the question. Mais tarde, ele também diz:

"Vê se não insistes muito em perguntar porquê ou para quê, se não queres ficar paralítico. Porque a maior grandeza da vida tem o valor nela própria e não fora dela. Não se pode justificar a vida senão nela. Ou a luz. Ou a fraternidade humana. Ou a justiça. E o mais assim. E é o que é indiscutível que pode fundar um comportamento e uma razão de se estar vivo. É fácil ainda inventar ou ter razões para se atentar contra o que é indiscutível. Porque é indiscutível, não se pode discutir. E se se discute, o valor deixa de existir. Toda a cultura ou civilização assenta em pressupostos que não exigem uma demonstração e permanecem assim no intocável que é seu."

Foi nisto que a Ana Vicente pegou (julgo eu) e é por aí que eu também pegaria: o valor da vida está nela própria e não fora dela. Não é preciso falar num Deus que criou isto porque depois há a pergunta inevitável "e quem criou Deus?", e o que existia "antes" e etc.

Há uma impossibilidade em explicar o mundo e não vale a pena ignorar isso. É preciso aprender a viver com isso. E como é "de pequenino que se torce o pepino" o melhor mesmo é incutir nos meninos desde cedo o valor do amor por tudo o que é natural e por toda a natureza, em vez de histórias de criação, a que se seguem as histórias do castigo se não te portares bem, do céu e inferno, e afins.

Religion sucks. Sorry if I offend anyone.

setembro 12, 2005  
Blogger ana said...

doris... ao porque andamos por aqui nos blogs eu respondo, porque não?
qual a verdadeira função? há várias! há quem use para partilhar o que sente como um diário aberto, e a função de um diário é estruturar pensamentos. há quem use para debater com quem gosta, etc etc

viriato: TIO????? isso sim, foi algo completamente fora. descobrir que vais ser tio através de um blog!

Menino T.M., acho que intrepertaste mal o meu comentário à ana vicente. gostei muito dos textos que aqui puseste (fiquei com o comportamento pavlov de esperar pelo meio a foto da laeticia).
acredito que não se deve ficar paralizado nas questões. a não escolha é sempre a pior das escolhas.
mas encontrar um tal axioma onde se constroi o resto talvez seja importante, para depois nunca mais pensar nisso.

pareceu-me que o porquê e o para quê estão intimamente ligados. tinha pensado abordar o para quê num post distinto, mas talvez seja artificial.

setembro 13, 2005  

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