sexta-feira, fevereiro 17, 2006

receita para uma noite feliz

cidade estrangeira, ninguém com quem estar.
jantar sozinha, ao lado de um casal de namorados de uma "tribo" diferente.
ver como ele aprecia uma coisa, oferecida por ela, que tu (que estás ali sozinha) achas do mais parolo possível (um par de ursos de peluche branco abraçados e com coração vermelho... sim, ele gostou).
ver como isso e a cerveja em frente te comove (mesmo com os dentes pobres, o raio do rapaz era capaz de um sorriso que condensava toda a ternura do mundo).
sair, encaminhando-te depressa para a pousada. depressa porque não conheces os hábitos daquelas ruas ou os hábitos de quem as frequenta àquelas horas.
chegar ao quarto. não ligar o mp3. não pegar no livro que levaste contigo.
deixar apenas a cerveja marinar, e o silêncio marinar com ela.
deixar
deixar
deixar
ver o que sobe. ver o que vês à distância sobre o que deixaste aqui, onde agora estás perto.
sorrir, fazer balanços, fazer projectos, ordenar prioridades, telefonar a um amigo que está longe e ir do choro ao riso.
ficares consolada por a vida ser assim, este tumulto que se simplifica quando deixas, quando páras.
aconchegares-te abraçada a uma almofada com a saudade no peito. mesmo longe, e principalmente longe, a palavra ecoa, saudade... dade... dade... de...
por fim telefonares-lhe e dizeres-lhe isso, esse eco, para logo depois adormeceres instantaneamente.